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» » Homilia de Dom Luiz Mancilha Vilela, na Festa de Nossa Senhora da Vitória do Espírito Santo
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Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.  Abraão gerou Isaac. Isaac gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos.  Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Farés gerou Esron. Esron gerou Arão.  Arão gerou Aminadab. Aminadab gerou Naasson. Naasson gerou Salmon.  Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute. Obed gerou Jessé. Jessé gerou o rei Davi.  O rei Davi gerou Salomão, daquela que fora mulher de Urias. Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa.  Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias.  Ozias gerou Joatão. Joatão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias. Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amon. Amon gerou Josias.  Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no cativeiro de Babilônia.  E, depois do cativeiro de Babilônia, Jeconias gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel.  Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliacim. Eliacim gerou Azor. Azor gerou Sadoc. Sadoc gerou Aquim. Aquim gerou Eliud. Eliud gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó.  Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.  Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo.  José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados.  Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: ‘Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel’, que significa: Deus conosco”. 



O Primeiro Sínodo da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, entre outras recomendações, insistiu que falássemos assiduamente sobre a veneração que a Igreja faz aos santos. Nesse mundo de muitas crenças, muitos irmãos e irmãs são questionados pela devoção aos santos e outros tantos desconhecem o sentido profundo desta piedade popular.

Pois bem, hoje, nossa Igreja se reúne em volta do altar para celebrar a Festa de nossa Padroeira, a titular desta Igreja Particular, Nossa Senhora da Vitória.

A Sagrada Escritura nos convoca e nos ensina que devemos buscar a santidade. “Sede Santos como vosso Pai celeste é Santo”! São Paulo chama as irmãs e irmãos na fé de santos. Sabemos que quem acolhe Jesus como Salvador e Senhor e recebe o Batismo é introduzido na Família de Deus. Isto é, passa a pertencer à família dos santos.

 A graça da santidade é a graça da participação na Vida Divina. Deus é Santo. Nós, elevados à filiação Divina por Jesus Cristo no Espírito Santo, ganhamos pelo batismo, uma nova filiação, uma nova cidadania. Porém, a nova cidadania é apenas o início de um processo para crescermos na amizade com Deus e caminharmos rumo à Pátria definitiva.

Aqui, irmãos e irmãs, surge a figura de Maria no início e no prosseguimento deste caminho. Maria, a Virgem de Nazaré é a criatura humana que, de maneira mais perfeita, percorreu este caminho em direção à Pátria definitiva. Acabamos de ouvir o Evangelho que nos mostra como foi a origem de Jesus Cristo. Maria, desde o seu nascimento imaculado e sua concepção virginal, acolhendo o Filho de Deus por obra do Espírito Santo, tornou-se para os discípulos de Jesus Cristo e para todos nós modelo de discípula e de santidade. Tornou-se, modelo de cristã para toda a Igreja de Cristo. Ela é para a Igreja, para todos nós, escola de espiritualidade na busca da perfeição e na conquista da santidade. Desde o início, ela nos ensina a deixarmo-nos evangelizar pela Palavra de Deus. Foi a primeira evangelizada. Ao ouvir e responder à mensagem do anjo de que seria a Mãe do Salvador, ela nos ensina a missão e identidade do cristão: acolher a Palavra e servir.

Assim, nós membros da Família de Deus, aprendamos de Maria que, seja qual for a nossa missão ou profissão, sejamos sempre servos evangelizados que constroem um mundo novo. 

 Maria ensina-nos a sairmos “com pressa” de nós mesmos e colocarmo-nos a serviço, quando visita Isabel, sua prima e explode num cântico de ação de graças que nos mostra o caminho da humildade que derruba os poderosos de seus tronos. Ela é a primeira evangelizadora no caminho da humildade e no enfrentamento humilde, derrubando os poderosos! 

Ela nos aponta o caminho de evangelizadores, na estrada da humildade. Não como poderosos, mas pela humildade, derrubando tudo que houver de prepotência egoísta em nossos corações e nos corações de nossos semelhantes! Não como poderosos armados de armas que matam mas, com as armas do “Sol de Justiça” que veio brilhando entre nós”, como rezamos hoje antes do Evangelho. Mas, com a característica do humilde, pequeno e fraco, através da oração e da não violência ativa. É a vitória do fraco e do pequeno!  

Discípula e Escola de espiritualidade, a Virgem de Nazaré não foi uma evangelizadora e anunciadora do barulho, mas do silêncio e da oblação de sua vida! 

Discípula no silêncio oblativo, cujo Coração era misericordioso ao lado do Coração Misericordioso de Jesus, cumpria sua missão, seu sim, qual nova Eva tornando-se Mãe da Redenção e da Nova Humanidade. 

Discípula, evangelizada e evangelizadora, estava ao lado dos Apóstolos à espera da vinda do Paráclito que vinha transformar a face da terra, fazendo dos primeiros discípulos, acovardados pelo medo de serem mortos como o Mestre, em discípulos corajosos e movidos pelo mesmo Espírito no anúncio da Boa Notícia para toda a humanidade.

Discípula, missionária, ela foi arrebatada aos céus como resposta do Pai misericordioso à atitude amorosa da filha obediente e fiel.  Ela viveu e seguiu profundamente unida ao coração do Filho obediente que, gloriosamente nos espera para a plenitude da vida e felicidade absoluta, onde não haverá dor ou qualquer coisa que impeça a plena Comunhão com o Pai, Filho e Espírito Santo e todos os santos e santas discípulas e missionárias que lá se encontram, premiados pela fidelidade de todos na militância da história que viveram todos os dias e anos de vida na terra.

Toda a sua trajetória, ao lado de Jesus e com Jesus, foi uma trajetória vitoriosa da serva humilde e pobre ao lado do humilde, pobre e servo de Javé, Jesus Cristo, o Filho de Deus, diante do qual todos dobramos os joelhos como nos ensina São Paulo em suas cartas. 

Deus nos chama a sermos perfeitos, à santidade. Aí está Nossa Senhora como o exemplo, o Modelo, a Escola de santidade, de espiritualidade. Este é o caminho que devemos percorrer no meio dos grandes desafios que cada um de nós enfrenta na missão de cada dia. Este caminho nos faz colaborar para que o nosso mundo seja cada vez melhor, justo e fraterno.  

O processo histórico que vivemos é cheio de sofrimento, decepções. A presença do mal, embora já vencido por Jesus, ainda é forte entre nós. Por isso, cada um de nós é convidado a vencer o mal pela graça do Espírito Santo. Esta nossa luta libertadora com as armas de Maria, a humildade e a fé viva no Senhor, faz parte da Paixão de Jesus Cristo, está contada no sangue derramado pelo nosso Mestre e Senhor. Ele quis contar com a nossa generosidade e entrega com ele na superação e vitória sobre todos os obstáculos, sobre o mal.

Ao celebrarmos, portanto, esta Festa Mariana, nós cultivamos a fé e reforçamos a esperança na perseverança de caminharmos firmes nos passos de Jesus. As dificuldades, as decepções não nos podem derrotar porque sabemos quem caminha conosco e temos certeza da Vitória. Nossa Senhora da Vitória já venceu com Jesus e nos acompanha ensinando o caminho da generosidade e da esperança.

Hoje vivemos tempos desafiadores. O mundo das drogas, as injustiças sociais que nos oprimem e concorrem para um certo desânimo e sentimento de impotência diante dos diversos males distribuídos na pluralidade das escolhas dos seres humanos. Ao mesmo tempo em que se luta pelos legítimos direitos, como vimos nas manifestações populares que aconteceram nesses últimos três meses em nossa cidade, deparamos com a violência e a incapacidade de se fazer uma manifestação pacífica porque a violência impera, seja por parte de quem protesta, seja de quem quer manter a ordem. É o conflito dos poderes: de quem quebra ferindo os direitos do outro, e de quem quer manter a ordem perdendo o controle e equilíbrio na difícil arte de governar. 

Aqui vem o ensinamento da Virgem de Nazaré. De pé, no meio dos agressores, ao lado do Filho, sem armas, mas presente até ao fim, vencedora pela não violência ativa diante do poder que mata, mas não consegue vencer o crucificado que destrói a morte e nos dá como presente a Vida. 

Humildade que se expressa no Amor. Só o Amor vence e constrói. Deus queira que nós, como sociedade deste tempo, saibamos fazer imperar o bem comum, a paz, a justiça social e não nos deixemos levar pela violência. Violência gera violência. Somente a paz, a não violência mudarão a nossa sociedade. É o que desejo e peço para nossa cidade e nosso estado.

Que os direitos dos cidadãos sejam promovidos. No campo da saúde que todos possam ser atendidos com dignidade e acabem as filas nos hospitais. Que todos tenham pronto e bom atendimento, onde pobres e ricos, os servidores da saúde, sejam bem atendidos como seres humanos e em seus direitos.

No campo da educação que todos tenham acesso ao conhecimento, desde a alfabetização até a especialização nas diversas áreas do saber. No campo da mobilidade urbana que os habitantes dos morros possam subir e descer os morros com dignidade através de conduções dignas possíveis. Que haja acolhimento fraterno de todos sem distinção, no respeito à dignidade humana e no serviço do bem comum. 

Peçamos a Deus pelo governador, pelo prefeito desta cidade e por todos os que estão com a responsabilidade de governar e prestar serviços à sociedade, serviços nobres, importantes e indispensáveis. Eles precisam de nosso apoio naquilo que edifica e de nossa crítica naquilo que precisa ser corrigido, sempre com respeito. São autoridades. São nossos irmãos na fé ou enquanto buscam a verdade. E, se irmãos na fé, são pessoas que foram chamadas a serem discípulas e missionárias neste setor da sociedade a serviço do Bem Comum. 

A santidade passa por este caminho concreto no correto exercício de nossa missão por um mundo novo. Que Nossa Senhora da Vitória nos ajude sempre a caminharmos com Cristo, vencendo todos os obstáculos que impedem o crescimento do Reino de Deus no meio de nós. Que a Igreja Católica, celebrando esta Festa Litúrgica de nossa Padroeira, possa crescer em santidade, dando exemplo de seguidora de Cristo, mostrando para a Sociedade que quem preside o nosso coração é Jesus Cristo e quem nos ensina a seguir os passos de Jesus é a Mãe de Jesus Cristo e nossa querida Mãe, aqui saudada e homenageada como Senhora da Vitória e no Estado como Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha. Amém!

Dom Luiz Mancilha Vilela
Arcebispo de Vitória - ES

Autor Giuliano Cabral do Espírito Santo Beraldo

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