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A tiara (reino triplo ou triregnum) é o mais célebre dentre os adornos externos eclesiásticos, símbolo principal do papado. Chapéu extra-litúrgico em uso (pela última vez no pontificado de Paulo VI), apenas nas grandes solenidades e um tempo nas procissões, representa a dignidade do Sumo Pontífice na sua vestimenta dupla de chefe supremo da Igreja e de soberano do Estado pontifício, enquanto as chaves simbolizam a jurisdição.

Por tal motivo, na morte de um Papa se representava o instrumento da Igreja apenas com a tiara, sem as chaves. Há uma origem comum da mitra, semelhante ao chapéu frigio, usado na corte persa, transformada depois no célebre objeto do imperador de Bizancio. Parece ser usada desde o tempo do papa Constantino (708-715) como sinal de poder temporal. Os primeiros assumiam a forma de um cone alto e acuminado, confeccionado com tecido branco e com uma faixa dourada que circulava a bainha inferior. Este chapéu não se deve confundir com camelauco que se transformou depois em mitra litúrgica. Chegando ao século X, a faixa dourada da tiara vira uma coroa, que no século XIII sustentou uns denticulados na ponta, chamada “regnun”. 


Com Bonifácio VIII (1294-1303) a tiara mudou sua forma e veio acrescida de uma segunda coroa, quando com a “Unan sanctam” o Sumo Pontífice declarou a sua soberania sobre o mundo; o mesmo Papa, depois, parece ter sido o primeiro a timbrar o próprio escudo de famílias nobres com a tiara, enquanto pelos outros autores a tiara começa a timbrar o escudo papal apenas com João XXII (1316-1334).

A coroa dupla assume, assim, o mesmo significado da autoridade pontifícia e imperial em analogia à coroa dupla do imperador que carregava sobre a mitra clerical o “diadema imperial”. Inocêncio III (1198-1216) indica, por outro lado, a mitra “pró-sacerdotal”, enquanto a tiara “pró-reino”.

A terceira coroa vem acrescida, segundo alguns autores, durante o pontificado de Bento XI (1303- 1304), para outros no de Clemente V (1305-1314), ou ainda, para outros tantos, em 1334, com Bento XII, para demonstrar que o papa representava as três Igrejas triunfante, militante e purificadora, ou mesmo o domínio sobre as regiões do Céu, da terra e do Inferno, ou ainda a tríplice soberania do chefe da Igreja, consistente na soberania espiritual sobre as almas; regalias temporárias sobre Estados romanos; soberania eminente sobre todos os soberanos da terra e a quem se denomina “triregnun”.

As duas ínfulas foram acrescentadas no século XIII, sendo que apenas no início do século XVI foram acrescentados o globo a cruzeta, como se pode ver na tiara de Júlio II. A primeira tiara de metal, surgida no período gótico, causou vicissitudes, em razão do poder temporal que ela representava. Levada para Avinhão, foi reconduzida a Roma, por Gregório XI e, novamente, transferida a Avinhão, por Clemente VII. Passou depois à Espanha, com o antipapa Bento XIII, antes de ser retomada por Martinho V, em 1429, desaparecendo em 1485, quando foi roubada (E. Müntz, La Tiare pontificale du VIIIe au XVIe s. - Mém. de l'Acad. des Inscriptions, 1897).

Durante a época da Revolução e da guerras da Itália, os soldados franceses pilharam muitas tiaras, das quais se perderam os rastros. Restaram entretanto as mais belas: a de Júlio II e de Paulo III.

As tiaras mais antigas foram destruídas, particularmente, a de Júlio II desenhada por Ambrósio Foppa ao custo de duzentos mil ducados, um terço das arrecadações anuais dos Estados Pontifícios, na época em que um pároco recebia vinte e cinco ducados ao ano; e a de São Silvestre Algumas tiaras antigas foram desmanchadas pelos papas outras saqueadas por invasores militares. O Papa Clemente VII mandou fundir todas as tiaras e jóias do papado, em 1527, para reunir os quatrocentos mil ducados pedidos em resgate pelo exército invasor do Imperador Carlos V. O saque realizado pelo exército de Louis Alexandre Berthier, em 1798, subtraiu inúmeras tiaras ao patrimônio dos papas. Demonstrando que a importância da tiara e mais pelo que ela representa do que pelo seu valor material, quando Roma estava nas mãos dos franceses, o Papa Pio VII exilado em Veneza, foi coroado a 21 de março de 1800, com uma tiara de papel maché, feita pelas damas da cidade. Em decorrência do Tratado de Tolentino, o Papa Pio VI as entrega em pagamento, conservando apenas a de “papel maché”. Muitas tiaras foram oferecidas aos papas por líderes mundiais e Chefes de Estado, com a rainha Isabel II de Espanha, o kaiser Guilherme II da Alemanha, e o Imperador Francisco José I da Áustria.

Após a concordata, Napoleão oferece uma tiara suntuosa a Pio VII, a chamada “Tiara Napoleônica”, feita com peças das tiaras papais anteriormente pilhadas.

A última tiara usada numa coroação foi a de PauloVI, que era muito mais cônica que as anteriores, sem jóias e gemas preciosas, e que, seguindo a tradição, foi ofertada ao pontífice eleito pelos fiéis da sua cidade de origem, no caso Milão.

Vinte e duas tiaras papais chegaram aos dias atuais e maioria dela s estão em exposição no Vaticano. As mais apreciadas são: a chamada “Tiara Belga” de 1871, a de 1877 e a de 1903.

Numerosos estudiosos, durante séculos, se satisfizeram interpretando a razão das três coroas postas na tiara. Listemos, em seguida, diversas interpretações. Para alguns, as três coroas da tiara figuram como analogia às três coroas do Imperador: alemã de Aquisgrana, lombarda de Milão – Monza, romana de Roma. Para outros o papa porta as três coroas como o prefeito da Itália, Ilíria e África. Outros asseguram que simboliza o Patriarca, Pretor e Prefeito, ou para representar as três línguas hebraica, grega e latina; ou ainda, para simbolizar a superioridade do Papa sobre todos os soberanos, ou porque se chamando “Servo dos Servos” a quem se deve maior honra. 

Diz-se que a tiara representa o Sacerdote Máximo, o Rei e o Legislador Universal, a autoridade pontifícia sobre três partes antigas do mundo, a Ásia, a Europa e a África, colonizada pelos descendentes dos filhos de Noé, Sem Jafet e Cam ou ainda que a coroa posta no cume da tiara representaria a soberania pontifícia de seus arcebispos, que tinham direito a uma mitra com dois arcos, e seus bispos, cuja mitra portava apenas um.

A cerimonial de coroação papal, trato do “Pontificado romano” de 1596, previa, por outro lado, que o cardeal primeiro diácono, na imposição da tiara sobre a cabeça do Sumo Pontífice, lhe recordasse que a recebia porque o Pai dos Príncipes e dos Reis, Reitores do mundo, Vigário do Salvador Nosso Jesus Cristo na terra. Para outros a tríplice coroa simbolizaria o tríplice ministério papal de sacerdote, de pastores e de mestre da Fé. 

Uma outra interpretação afirma que as três coroas da tiara corresponderiam aos três principais atributos da Santíssima Trindade, ou seja, a Potência do Pai, a Sabedoria do Filho e o Amor do Espírito Santo, enquanto outros viam de longe os símbolos das três virtudes teológicas, que devem coexistir em grau heróico próximo ao do Santo Padre, que vive normalmente em um estado de santidade: a Fé, a Esperança e a Caridade. 

Para outros, ainda, o “triplo reino” recordaria as três coroas doadas ao Pontífice de Costantino, Clodovio e Carlos Magno ou, ainda, o símbolo da tríplice autoridade doutrinária, sacramental e pastoral; para outros, finalmente, o símbolo da potência da Igreja que, como aquela de Cristo seu fundador, se estende além da vida e conseqüentemente sobre as coisas terrenas, infernais e celestiais. 

Para completar essa exposição observamos, além disso, que na antiga configuração da Santíssima Trindade apenas Deus Pai vem representado com uma tiara, mas com cinco coroas.

Os autores dão vários significados para as três coroas. Sendo que todos se referem a um triplo poder.

O significado das três coroas evoluiu no decorrer da história. Tradicionalmente, o triplo poder (militar, civil e religioso) era igualmente exprimido por três títulos:

- Pai de reis
- Regente do Mundo
- Vigário de Cristo

A maioria dos autores assim explicam:

- A primeira coroa é símbolo do poder da Ordem Sagrada, pelo que o Papa é Vigário de Cristo sucessor de São Pedro , nomeando os bispos e sendo, por excelência, o grande Pai da Cristandade.

- A segunda coroa representa o poder da Jurisdição, em virtude do poder das chaves, ou seja, o de ligar e desligar na terra e no céu.

- A terceira coroa representa o poder do Magistério, em virtude da infalibilidade papal.

Outros autores dizem que as três coroas expressam as três fases da Igreja: militante (na terra),padecente (no purgatório) e triunfante (no céu).

Outra explicação fala das três funções do papa:

- Sacerdote: (bispo de Roma)
- Rei: Chefe de Estado soberano
- Mestre : árbitro e detentor do magistério supremo, dotado de infalibilidade.

Ainda temos que o Papa é para os cristãos:

- Sacerdote soberano
- Grande juiz
- Legislador

E por fim, outros dividem as coroas pelos poderes:

- Temporal: Chefe de Estado soberano
- Espiritual: Chefe da Igreja
- Moral: superioridade em relação aos outros poderes do mundo 

O Papa, cujo nome, segundo Beatiano (L'Araldo veneto overo universale armerista, Venezia MDCLXXX), seria a abreviação de “Pater Patrum”, recebia a tiara das mãos do cardeal primeiro diácono, como antigamente, fora da Basílica Vaticana, no dia da sua solene coroação, depois de celebrada a Missa solene, diante do povo. Portava-a depois na solene cavalgada com a qual se mantinha a Heráldica Lateranense, tempo no qual estabeleceu ordinária demora no Palácio Vaticano.

Seu uso sempre foi extra-litúrgico, sendo utilizada na cerimônia de coroação papal e quando o Sumo Pontífice se dirigia e retornava das funções solenes, como por exemplo nas procissões. Era também colocada sobre o lado direito do altar (lado das leituras), nas missas solenes.

Quando usada nas procissões solenes, e quando o Papa era transportado na sede gestatória. Além disso, a tiara era usada nos atos jurídicos solenes, como por exemplo as falas ex cathedra , no uso da infalibilidade papal; e também na tradicional bênção Urbi et Orbi, no Natal e na Páscoa, cerimônias que prescreviam o seu uso.

Desde Clemente V até Paulo VI todos os papas foram corados com a tiara e a usaram como símbolo da sua autoridade, em ocasiões cerimoniais. Os papas não eram limitados a usar somente a sua tiara, sendo que poderiam livremente, usar outras antigas, de seus predecessores, desde que lhes adaptassem o tamanho.

O Papa Paulo VI, doou a sua tiara, que recebera dos fiéis de Milão, para socorro dos pobres da África. Esta tiara foi então adquirida pelos católicos dos Estados Unidos, através do cardeal Francis Joseph Spellman, arcebispo de Nova York, sendo o dinheiro arrecadado destinado às missões africanas. Esta tiara do Paulo VI, desde de 6 de fevereiro de 1968, está exposta na sala dos ”ex votos”, na Basílica da Imaculada Conceição, em Washington, juntamente com uma estola de João XXIII. É a eleição pelo Conclave e a aceitação do eleito que confere, ipso facto, a plena jurisdição do papa. A coroação ou a entronização com o juramento de fidelidade, apenas, marcam o início do ministério petrino, tendo valor apenas simbólico e não jurídico. Os Papa João Paulo I não quis ser coroado com a tiara, iniciando seu pontificado com a cerimônia de entronização e juramento de fidelidade. O Papa João Paulo II fez o mesmo. Alguns veículos de comunicação relataram que este papa teria recebido uma tiara dos católicos húngaros, mas que nunca a usou. Mas a cerimônia de coroação não foi oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como quer iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimônia de "início do pontificado", com a respectiva entronização e o juramento de fidelidade.

No dia 29 de junho, a tiara continua a ser usada na imagem de bronze de São Pedro, na Basílica Vaticana.

O primeiro papa a ser solenemente coroado, depois de sua eleição, foi Nicolau II, em 1059. As primeiras coroações ocorreram na Arquibasílica de São João Latrão. Porém, tradicionalmente, as coroações passaram a ser na Basílica de São Pedro, sendo que algumas ocorreram em Avinhão. Em 1800. Pio VII foi coroado na igreja do mosteiro beneditino de São Jorge, em Veneza. Desde 1823, todas as coroações ocorreram em Roma, sendo que até a metade do século XIX, voltaram a ser realizadas na Arquibasílica de São João Latrão e depois, novamente, em São Pedro. Os papas Leão XIII e Bento XV foram coroados na Capela Sistina. Pio XI foi coroado na frente do altar-mor da basílica vaticana.

Já, os papas Pio IX, Pio XII, João XXIII e Paulo VI foram todos coroados no balcão principal da basílica, para que a multidão da Praça de São Pedro pudesse visualizar a cerimônia. A primeira coroação a ser filmada e transmitida por rádio foi a de Pio XII, que durou seis horas e contou com a presença de diversos reis, príncipes, chefes de Estado.

A primeira parte da cerimônia, provavelmente, vem da época em que os papas eram combatentes ativos da ordem temporal. A cerimônia de coroação papal, tradicionalmente era celebrada, na Basílica de São Pedro, ou nas suas vizinhanças, era muito semelhante às cerimônias medievais de Constantinopla.

O papa era levado, processionalmente, ao local da coroação, paramentado de com estola e rica e ampla capa pluvial, com mitra preciosa na cabeça, sentado na sede gestatória, sob o pálio, seguido por dois ministros que lhe abanavam com os flabelos.Paulo VI foi coroado, estando paramentado como que para a celebração da missa,com a estola, dalmática, casula, fano e o pálio.

De acordo com o Pontifical Romano, o Cardeal Proto-Diácono, retira a mitra do papa e, ao colocar a tiara na sua cabeça, diz: “Accipe tiaram tribus coronis ornatam et scias te esse Patrem Principum et Regum, Pastorem Orbis in terra, Vicarium Salvatoris nostri Iesu Christi, cui est honor in saecula saeculorum, Amen” (Recebei a tiara, ornada de três coroas e sabei que sois Pai de Príncipes e Reis, pastor de toda a terra e Vigário de Jesus Cristo, nosso Salvador, a quem é dada toda honra por todos os séculos dos séculos. Amém).

A seguir, um monge se apresenta por três vezes diante do novo Sumo Pontífice para queimar, a seus pés, uma mecha de estopa e lhe falar: “Sancte Pater, sic transit gloria mundi” (Santo Padre, assim passa a glória do mundo). As primeiras menções a este ritual remontam ao século XIII, nos escritos do dominicano Estevão de Bourbon (Étienne de Bourbon). O padre e cronista Adão de Usk fala também desta cerimônia em seu Chronicon, quando da coroação do Papa Inocêncio VII. O rito da queima da estopa é de inspiração bizantina, numa lembrança que ao Imperador também chega a morte. Na coroação papal lembra ao Soberano Pontífice que ele é um homem e deve-se guardar de todo orgulho e vaidade. Isto também é um resquício da antiga prática romana quando da parada triumfal, um escravo ficavam lado à lado com um general, lhe murmurando “Hominem te esse” ( Tu também és mortal).

Como já dito, a coroação ou a entronização com o juramento de fidelidade, apenas, marcam o início do ministério petrino, tendo valor apenas simbólico e não jurídico. Também há outras cerimônias como a tomada de posse do Palácio e da Arquibasílica de São João Latrão e a proclamação das indulgências. Contudo, há de observar que não houve uma abolição oficial da cerimônia de coroação.

Apesar de ter doado a sua tiara, o Papa Paulo VI, na Constituição Apostólica Romano Pontifici Eligendo, de 1975, manteve o rito da coroação, conforme o texto: “Enfim, o Pontífice será coroado pelo Cardeal proto-Diácono e, dentro de um tempo conveniente, tomará posse da patriarcal Arquibasílica Lateranenese, segundo o rito prescrito.Romano Pontifici Eligendo (1975), 92.

Pela legislação atual, promulgada pelo Papa João Paulo II, na sua Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, de 1996, que reveviu as regras para a eleição do papa, apenas é citada a cerimônia de inauguração do ministério petrino: "O Pontífice, depois da solene cerimônia de inauguração do Pontificado e dentro de um tempo conveniente, tomará posse da patriarcal Arquibasílica Lateranenese, segundo o rito prescrito. Universi Dominici Gregis (1996), No. 92. Portanto, a terminologia é descritiva, não estabelecendo nenhuma regra quanto à forma da Cerimônia.Todavia, um pontífice eleito tem plenos e máximos poderes, não sendo vinculado a nenhum cerimonial feito pos seus predecessores, sendo livre para escolher como será a cerimônia de início de seu pontificado, coroação ou entronização com juramento de fidelidade.

Desconsiderando a tiara de papel maché, a tiara mais leve foi a de João XXIII, de 1959, que pesava 900g., assim como a de Pio XI, de 1922. Já a tiara cônica de Paulo VI pesava 4,5 kg. A mais pesada de todas as tiaras é a que foi doada por Napoleão, em 1804, para festejar seu casamento com Josefina e a sua coroação como Imperador da França. Esta tiara pesa 8,2 Kg., mas nunca mais foi usada, por ter sido feita muito estreita. Alguns historiadores afirmam que foi propositadamente feita assim, para que servisse apenas a Pio VII. Para se ter uma idéia do peso, a coroa de Santo Eduardo, que é a coroa usada pelos monarcas ingleses pesa apenas 2,155 kg.

A rainha Elizabeth II do Reino Unido, depois de ser coroada, disse que a coroa era um pouco pesada ("does get rather heavy"). Também o rei Jorge V comentou depois do "Delhi Durbar", em 1911, quanto mal a coroa imperial da Índia flhe fizera, porque era muito pesada ("hurt my head as it is rather heavy"). Todavia, estas duas coroa são mais leves que a maior parte das tiaras papais e pesam menos que um terço da tiara de 1804, de Pio VII, Cf. Gyles Brandreth, Philip & Elizabeth (Century, 2004) p.311. e "The Crown Jewels" publicado pela Torre de Londres.

A heráldica define a tiara como a mais nobre, a mais destacada e a primeira dentre todas as coroas. Sempre foi usada como timbre dos brasões papais, segundo alguns, desde Lúcio II . De 1144 a 1294 estaria representada com uma única coroa, a partir de 1301, com duas e, a partir de 1342, com três.

Tanto João Paulo I como João Paulo II mantiveram a tiara como timbre de seus brasões. O Papa Bento XVI, por influência do heraldista Monsenhor Andrea Cordero Lanza de Montezemolo (depois criado cardeal), modificou seu brasão, substituindo a tiara por uma mitra de prata com três traços dourados (numa referência às três coroas da tiara). Esta atitude de Montezemolo gerou crítica em todas as instituições heráldicas do mundo, que dentre as muitas argumentações, a principal evocada é a de que a Heráldica tem leis seculares e fixas. A Sociedade Heráldica Americana chegou a sugerir que Montezemolo utilizasse pelo menos o camelauco no brasão papal. Por outro lado, a inclusão inovada do pálio omofório, no brasão, foi elogiada por muitos especialistas. Ademais às críticas, vale ressaltar que o Sumo Pontífice é quem detém o direito de facto e jure para alterar, como o quis, suas armas heráldicas.

O único lugar onde o Brasão de Bento XVI porta a tiara é nos jardins do Vaticano. A tiara ainda está presente no brasão, na bandeira e no selo da Santa Sé e no brasão da Cidade do Vaticano.

Somente um outro prelado católico pode usar a tiara pontifícia no seu brasão de armas, o Patriarca de Lisboa, título criado em 1716 e atribuído ao arcebispo de Lisboa desde 1740. Para os heraldistas nunca houve confusão entres os brasões, posto que nos brasões papais e da Santa Sé estão sempre presentes as chaves decussadas, de São Pedro. O actual Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, optou por não usar a tiara no seu brasão, usando em vez disso o chapéu cardinalício (gallero) com as 30 borlas verdes de cada lado. Nas armas do Patriarcado, porém, a tiara continua a figurar.

Também as universidades e instituições pontifícias usam, em seus brasões, a tiara como timbre. Algumas basílicas também usam a tiara como timbre de sés brasões, enquanto outras usam a Basílica ou Ombrellino (guarda-sol vermelho e amarelo).

Autor Giuliano Cabral do Espírito Santo Beraldo

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